segunda-feira, junho 21, 2004

começar a explicar

“Cristo ensinou-nos (a parábola do bom samaritano), que o Amor ao próximo sobrenatural é a troca da compaixão e da gratidão, que acontece como um relâmpago entre dois seres, dos quais um é revestido daquilo que o constitui como ser humano e o outro é privado disso. Um dos dois é só um pouco de carne nua, sangrento e sem vida na berma da rua, um sem-nome, de quem ninguém nada sabe. Os que passam por aquilo, mal reparam nele e esqueram momentos depois, que nele tinham reparado de todo. Um único pára e dedica-lhe a sua atenção. O que se segue àquilo em actos, só é a reacção automática deste momento de atenção. Esta atenção é criativa.
Porque o amor ao próximo se baseia na atenção criativa, ele parece-se com a genialidade. A atenção criativa consiste nisto, que se está mesmo atento àquilo que não existe. A humanidade não existe neste pedaço de carne sem vida na berma da estrada. O samaritano, que mesmo assim pára e olha, dirige mesmo assim a sua atenção àquela humanidade ausente, e os consequentes actos são prova de que se trata de atenção verdadeira.
A Fé, diz Paulo, é a visão daquilo que não vemos. Neste momento da atenção a Fé está tão presente como o Amor.
O Amor vê o invisível.”


comecei com estas andanças de blog um pouco para experimentar
para além dos blogs do meu amigo Gonçalo
(incrível como acabo por me incluir nesse grupo ao qual digo não pertencer.. uma lacuna no vocabulário português, será?)
e de outros meus conhecidos
foi quando comecei a ler o blog Terra da alegria que a vontade de experimentar falou mais alto

este texto de Simone Weil (autora que reconhecidamente não conheço, mais um argumento da minha ignorância)
este texto termina com uma frase bombástica!!
mas, ao contrário de Lutz, tenho vontade de pegar nele de forma diferente..(não sei se o farei)

afinal, ao contrário dele, afirmo-me crente

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