sexta-feira, julho 27, 2007

Tu e eu

Estava ali um homem que padecia da sua doença há trinta e oito anos. Jesus, ao vê-lo prostrado e sabendo que já levava muito tempo assim, disse-lhe:«Queres ficar são?» Respondeu-lhe o doente: «Senhor, não tenho ninguém que me meta na piscina quando se agita a água, pois, enquanto eu vou, algum outro desce antes de mim».

Disse-lhe Jesus: «Levanta-te, toma a tua enxerga e anda.» E, no mesmo instante, aquele homem ficou são, agarrou na enxerga e começou a andar. Ora, aquele dia era de sábado.

Jo 5, 5-9

... espanta-me a Tua Palavra Viva

quarta-feira, julho 25, 2007

momento amelie do dia

espero o metro
4 "gandulos" em estilo FF ou coisa do género atiram-se para a porta ainda não aberta
risos pelo feito de entrarem primeiro
conversas de gajas, gajas boas, giras
asneira para lá e para cá
bater no vidro nos restauradores para chamar a atenção de uma mulher fora
eh lá, se tivesse umas m**** daquelas em cima...
risos
risos parvos
sai um deles, ficam 3

mulher brasileira velha baiana à minha frente, quase 2 bancos
senhora
ó senhora com a criança ao colo
senhora
ai esta gente que não se preocupa
está ali um lugar
venha sentar-se

mãe jovem e bonita com criança de ano e meio ao colo vem sentar-se ao pé dos 3
menina linda linda e toda bem disposta
estica o dedo para um dos moços
que se derrete e toca-lhe
dedo indicador grande com ponta do dedo indicador pequeno
míuda finge timidez e esconde a cara de encontro à mãe
e volta à brincadeira
acabam as conversas parvas
começam a mostrar as fotos no telemóvel dos primos e manos
derretidos! :)

olho em frente e vejo a mulher a quem tinham tocado no vidro
decote pronunciado, maquilhagem carregada para a hora de ponta
ar derretido a olhar a criança derretida com as crianças grandes
e compreendo-a

domingo, julho 22, 2007

confusão de marias

Magdalen of Night Light
La Tour, Georges de
1630-35
Oil on canvas
Musée du Louvre, Paris


Evangelho de hoje

Continuando o seu caminho, Jesus entrou numa aldeia. E uma mulher, de nome Marta, recebeu-o em sua casa. Tinha ela uma irmã, chamada Maria, a qual, sentada aos pés do Senhor, escutava a sua palavra. Marta, porém, andava atarefada com muitos serviços; e, aproximando-se, disse: «Senhor, não te preocupa que a minha irmã me deixe sozinha a servir? Diz-lhe, pois, que me venha ajudar.» O Senhor respondeu-lhe: «Marta, Marta, andas inquieta e perturbada com muitas coisas; mas uma só é necessária. Maria escolheu a melhor parte, que não lhe será tirada.»
Lc 10, 38-42


22 Julho, a Igreja lembra Sta Maria Madalena


Maria Madalena é uma personagem feminina do Novo Testamento. Provavelmente natural de Magdala (daí o nome Madalena), foi uma das "piedosas mulheres" que acompanhavam Jesus, que a havia libertado de sete demônios. Assistiu à crucifixão e à deposição de Cristo e foi testemunha da Ressurreição do Mestre. Tradicionalmente é identificada com a anónima "pecadora arrependida" de que fala Lucas, aquela que perfumou os pés de Jesus, banhou-os com suas lágrimas e enxugou-os com os próprios cabelos; a sua figura representa, para a cristandade, o símbolo da penitente. A Igreja romana, seguindo são Gregório Magno, além de a identificar com a "pecadora", também a confunde frequentemente com Maria de Betânia, irmã de Lázaro, e celebra as três Marias com uma única festa. A Igreja grega, ao contrário, seguindo Orígenes, distingue as três figuras, celebrando três festas diferentes.

in http://evangelhoquotidiano.org


na confusão de marias encontro-me

sábado, julho 21, 2007

José Régio

resumo:
- sem ser contigo mas contigo na mesma
- respirar fundo
- encontrar no miradouro
- subir 7 pisos
- proteger os outros e proteger-me
- tudo vai correr bem
- descer 7 pisos
- sondar cinema
- escolher outro filme (paris, je t'aime)
- conversa magnetic e a sensação de normalidade
- ouvir e calar
- querer calar cá dentro
- dar graças
- morder-me cá dentro
- continuar a tradição
- lembrar e não querer voltar
- contextualizar
- confrontar-me
- esperar

és um pouco "regiana"... e se não és, gostavas de o ser

Cântico negro

"Vem por aqui" — dizem-me alguns com os olhos doces

Estendendo-me os braços, e seguros
De que seria bom que eu os ouvisse
Quando me dizem: "vem por aqui!"
Eu olho-os com olhos lassos,
(Há, nos olhos meus, ironias e cansaços)
E cruzo os braços,
E nunca vou por ali...
A minha glória é esta:
Criar desumanidades!
Não acompanhar ninguém.
— Que eu vivo com o mesmo sem-vontade
Com que rasguei o ventre à minha mãe
Não, não vou por aí! Só vou por onde
Me levam meus próprios passos...
Se ao que busco saber nenhum de vós responde
Por que me repetis: "vem por aqui!"?

Prefiro escorregar nos becos lamacentos,
Redemoinhar aos ventos,
Como farrapos, arrastar os pés sangrentos,
A ir por aí...
Se vim ao mundo, foi
Só para desflorar florestas virgens,
E desenhar meus próprios pés na areia inexplorada!
O mais que faço não vale nada.

Como, pois, sereis vós
Que me dareis impulsos, ferramentas e coragem
Para eu derrubar os meus obstáculos?...
Corre, nas vossas veias, sangue velho dos avós,
E vós amais o que é fácil!
Eu amo o Longe e a Miragem,
Amo os abismos, as torrentes, os desertos...

Ide! Tendes estradas,
Tendes jardins, tendes canteiros,
Tendes pátria, tendes tectos,
E tendes regras, e tratados, e filósofos, e sábios...
Eu tenho a minha Loucura !
Levanto-a, como um facho, a arder na noite escura,
E sinto espuma, e sangue, e cânticos nos lábios...
Deus e o Diabo é que guiam, mais ninguém!
Todos tiveram pai, todos tiveram mãe;
Mas eu, que nunca principio nem acabo,
Nasci do amor que há entre Deus e o Diabo.

Ah, que ninguém me dê piedosas intenções,
Ninguém me peça definições!
Ninguém me diga: "vem por aqui"!
A minha vida é um vendaval que se soltou,
É uma onda que se alevantou,
É um átomo a mais que se animou...
Não sei por onde vou,
Não sei para onde vou
Sei que não vou por aí!

terça-feira, julho 17, 2007

taxi

O Sr. Taxista 2 de hoje à tarde era um bem-disposto (o Taxista 1 era mais sossegado):

"a menina importa-se com a música? é que eu gosto de servir bem (santa maria). parece que temos um novo presidente. eu cá gosto da mudança, nem que seja para depois voltarmos atrás se tivermos hipótese (saldanha). ora ora, estas não são horas para isto [para recolher o lixo]. sabe, tenho para mim que os países mais ricos são os mais infelizes (marquês) estive lá fora, era motorista de um embaixador, e nunca vi país como a Suécia! Aquilo é que era gente triste. De vez em quando lá se ouvia dizer «este matou-se!»... e se uma pessoa se mata não é por andar feliz! (ao pé do rato) No Brasil é que era gente bem disposta! encontravamos um fulano a dormir de baixo da ponte e ele dizia «está tudo bem, graças a Deus, amanhã há-de ser melhor!» (principe real) cá em Portugal temos sol mas parece que nunca estamos bem, estamos sempre a resmungar com o mau feitio do vizinho... mas depois vamos ao funeral dele! vamos por aqui que é capaz de ser melhor, não? (descer a rua do século) Pois é, é preciso andarmos bem-dispostos! se eu me aborreço com a minha mulher, as outras pessoas não têm culpa! (esperar ao pé da tom-tom) uma pessoa tem de aprender a dar a volta! e pronto (sta catarina), desculpe se a macei!"

nada disso, continue assim

domingo, julho 08, 2007

72

ESTRANHO DIA-A-DIA
Resiliência
06 07 2007 in http://www.destak.pt/

Existe uma pseudo-assepsia nas teorias da educação. Não se pode bater nos meninos, nada de ralhar ou, mesmo, contrariá-los. Podem ficar traumatizados.
Esta teoria é contestada pela observação de que a vida é traumática: não consta que as crianças nasçam a rir ou com um ar de satisfação. O que importa não é o trauma, mas o modo como cada um o supera e aprende com ele.
De facto, não são os filhos da teoria atraumática que farão história. Pelo contrário, a história está cheia de grandes personagens que passaram uma infância difícil: pais alcoólicos ou ausentes, maus tratos e mau viver. A tudo resistiram e com as desgraças fizeram a sua grandeza.
Um dos exemplos é Charlie Chaplin. Criado numa família desfeita, teve de trabalhar aos 5 anos, aos 9 anos perdeu o pai, e viu a mãe internada num sanatório, passando, depois, por orfanatos e ambientes pouco recomendáveis, onde construiu as principais ideias para os seus filmes. Esta capacidade de superar as adversidades chama-se resiliência.
Os psicólogos têm estudado os factores relacionados com a resiliência. Saber adiar as recompensas, assumir responsabilidades sem culpar os outros pelas suas desgraças, desarmar os outros com o humor e a criatividade, manter a iniciativa, são factores importantes, ilustrados exaustivamente nos filmes de Chaplin.
Mas um outro factor, menos visível, é constante nas pessoas resilientes: algures, seja lá onde for, há sempre alguém que acredita incondicionalmente nelas.
J.L. Pio Abreu