sexta-feira, setembro 30, 2005

olhar



Tudo se resume a compreender que os nossos olhos de carne são já muito mais do que receptores para as luzes, as cores e as linhas: compiladores do mundo, que tem o dom do visível, tal como se diz que o homem inspirado tem o dom das línguas.


Merleau-Ponty, O Olho e o espírito

terça-feira, setembro 27, 2005

hoje foi assim

passeio de comboio, ver o tejo cá de cima
chegar em sardinha ao chiado
beber uma bica à esquina

trabalhar

almoçar "em cantina"
encontrar o museu procurado
- ah! (boa) arte portuguesa, como me anima!

conversar
passear
atravessar
entrar
rezar
celebrar

descer
recolher

e esperar...



domingo, setembro 25, 2005

encontros

trocámos olhares cruzados
e percebemo-nos ligados
mesmo quando nunca nada aconteceu
há um pedaço de ti que é meu


... tenho saudades dos tempos violentos que nunca vivi.


Karl Schmidt-Rottluff, Drei Frauen am Meer, 1919, Öl auf Leinwand

sábado, setembro 17, 2005

pausa


o Sapato

era uma vez
uma princesa normal
tinha brilho talvez
mas nada de especial

desde pequena que achava
uma chatice comprar sapatos
aqueles que ela gostava
não davam com todos os fatos

mas o problema principal
era a questão do tamanho
nem sempre o ideal
muitas vezes tacanho

sapatos largos poucos foram
mas os pequenos excederam-se
dizia que eles demoram
a dar-se, a fazerem-se.

uma manhã saiu à procura
encontrou uns azul mate
e quase com doçura
mandou pô-los de parte

ora, foi grande a surpresa
quando começou a perceber
que aquela grande beleza
tinha algo a esconder

ao início passeava com eles
e iam a todos os lugares
mas uma princesa exige deveres
e eles queriam outros ares

e mistério maior surgiu
quando começaram a apertar
coisa que ela já viu
um par de sapatos a desertar

frente ao espelho a perguntar
qual seria a razão
olha para os pés a andar
e compara o tamanho no chão

surpresa grande quando
finalmente percebeu
os pés foram aumentando
não o sapato que encolheu

e a fada do passado
disse os truques dos sapatos
depois do pé cansado
é que os sapatos são comprados
depois de experimentado
é que os sapatos são levados.

quarta-feira, setembro 14, 2005

Alemanha - percursos de regresso (2)

2. Romantismo

Hildelberg

No percurso da noite fomos subindo o monte
E não nos detivemos com portas fechadas
O padre conduz-nos, vamos em frente.

No escuro da noite rodeámos muralhas
E não nos perdemos a olhar a cidade
O padre conduz-nos, vamos chegar.

No silêncio da noite ouvimos barulhos
E não pensamos em ter medo sozinhos
O padre conduz-nos, coragem!

No fim da noite chegámos à Porta
E atravessámos fossos e valas
O Padre conduz-nos, estamos no lugar.
______


Hildelberg é uma cidade universitária à semelhança da nossa Coimbra.
Bonita, tem um castelo enorme em ruínas que subimos durante a noite.
Nada de muito especial, sem fotos, fica uma imagem do google para terem a ideia do româaaantico que isto é..

Alemanha - percursos de regresso


1. Medieval Românico


Mosteiro

Senhor, queria entrar
Na casa onde Tu estás
Sempre à espera de dar
O Teu peito para repousar.

Pelo silêncio da Paz
Pelo silêncio do lugar
Senhor onde Tu estás
Deixa-me também entrar.
____


Maria Laach fica à beira de um lago com este nome.
Mosteiro beneditino que já passou por muitas mãos
O mais bonito? O silêncio da capela do Santíssimo
A riqueza do baldaquino sobre o altar.
Ficam as fotos.


parte de trás da Cruz do altar na Igreja da casa-Mãe da Ordem de Cister

é mais difícil a Cruz sem o Cordeiro..

desculpem a fraqueza.

Exultemos

Cruz das jornadas (em Essen, Alemanha)

terça-feira, setembro 13, 2005

comparações?


torna-se um problema para muitos
"ah se fosse tal pessoa à frente disto"
"ah aquela pessoa x é tão pessoa y"
"ah no tempo do outro"

mas comparar o quê
se
a realidade é bem mais simples:
um passado enraizado nas vidas das pessoas
um futuro a assumir contornos
enquanto isso vivamos o presente!

entre o gótico e a verdade




Colónia


vamos em busca das relíquias

entre o gótico moderno que demorou séculos a completar-se

no meio de sinais de tanta modernidade

como um Cordeiro tão naif mas tão completo

afinal, esta é a Verdade

Edith Stein percebeu-A.

Alemanha

Viemos adorá-l'O

por mim, não era essa a vontade.
mas fui
para não me confrontar com o vazio de objectivos:
vou pela arte, pessoas
vou por mim
não pelo Papa
nem por Deus.

viagem longa,
chegámos a uma paróquia simpática
onde o padre simpático
nos acolheu muito bem.
muitos jovens..
"és a jovem que viemos acompanhar às jornadas"
sim, sou a pequena
sempre fui

  • 1º dia, caminhada até marienfield
num momento de luta contra a minha solidão
visto as roupas do serviço e atiraram-me à cara aquilo que atirei à cara de outros
egocêntrica!


simples, tu tens uma pedagogia simples e dura
queres outra vez que esteja agarrada à cruz
(foi por isso a madalena?)
e eu endureci por dentro ainda mais
e segui sozinha
pelos campos cheios de gente
como uma nova "reconquista".

a tarde em marienfield
foi de discussão
de atirar pedrinhas
daquelas pequeninas
que fazem um estalido ao cair no chão
no final desenhei com elas uma flor
mas para evitar romantismos alguém a pisou sem dar conta
palavras-chave: fidelidade e obediência
frase-chave: deixa-te de tretas, o teu Deus é um Deus de silêncio

  • noite de vigília
estar em torno da luz
ter uma luzinha nas mãos
ganhar um novo alento
aceitar dobrar os joelhos mesmo quando não percebo

"Entrando na casa viram o Menino com Maria, Sua mãe.
Prostrando-se, adoraram-n'O" Queridos amigos, esta não é uma história distante,
que se verificou há muito tempo. Ela é presença. Aqui na hóstia sagrada Ele está
diante de nós e no meio de nós. Como então, vela-se misteriosamente num santo
silêncio e, como então, precisamente assim revela o verdadeiro rosto de Deus.
Ele fez-se para nós grão de trigo que cai na terra e morre para dar muito fruto
até ao fim do mundo. Ele está presente como naquela época estava presente em
Belém. Convida-nos para aquela peregrinação interior que se chama adoração.
Coloquemo-nos agora a caminho para esta peregrinação e peçamos-Lhe que nos guie.

in Discurso da Vigília em
Marienfeld


no final um encontro a lembrar Roma2000 com um amigo
como foi bom saber que há amizades verdadeiras
como foi bom dançar na roda
e levantar os braços e louvar a Deus


  • manhã em Marienfeld
partir da Eucaristia
pedir que O que não é amado o seja
pedir que o meu coração se transforme
esperar que se faça história

Nós próprios devemos tornar-nos Corpo de Cristo, seus
consaguíneos. Todos comemos o único pão, mas isto significa que entre nós nos
tornamos uma só coisa. A adoração, dissémos, torna-se união. Deus já não está só
diante de nós, como o Totalmente Outro. Está dentro de nós, e nós estamos n'Ele.
A sua dinâmica penetra-nos e de nós deseja propagar-se aos outros e difundir-se
em todo o mundo, para que o seu amor se torne realmente a medida dominante do
mundo

in Homilia da Missa em Marienfeld


começar o regresso...

quinta-feira, setembro 08, 2005

pensar?

Face ao incremento da complexidade, precisamos, mais do que nunca, de um
pensamento simplificador; mas que não seja mutilante.

Edgar Morin


está quase o resumo de alemanha... ou não?

Natividade

Em Nazaré, pobre aldeia,
De gentes simples, obscuras,
Foi como se a Lua Cheia
Enchesse de ouro as alturas.


Para breve o relato de Alemanha..