segunda-feira, fevereiro 28, 2005

(A jeito de comentário mas não só)

3º Domingo

É tempo de ser humilde e recomeçar o caminho para a Fonte.



(E o salmo dizia:
Hoje se escutardes a voz do Senhor, não fecheis os vossos corações

Digo que Sim.)

domingo, fevereiro 27, 2005

3º Domingo

Evangelho segundo S. João 4,5-42

A Palavra de Deus que hoje nos é proposta afirma, essencialmente, que o nosso Deus está sempre presente ao longo da nossa caminhada pela história e que só Ele nos oferece um horizonte de vida eterna, de realização plena, de felicidade perfeita.

O Evangelho garante-nos que, através de Jesus, Deus oferece ao homem a felicidade (não a felicidade ilusória, parcial e falível, mas a vida eterna). Quem acolhe o dom de Deus e aceita Jesus como “o salvador do mundo” torna-se um Homem Novo, que vive do Espírito e que caminha ao encontro da vida plena e definitiva .

in www.agencia.ecclesia.pt
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Se eu conhecesse o dom que Deus tem para dar e Quem é que me diz: 'dá-Me de beber'..


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Mario Sironi: Christ and the Samaritan woman (1947)

terça-feira, fevereiro 22, 2005

Antero de Quental

"A intuição e a ideia são apenas duas ondas produzidas pelo mesmo impulso; duas vozes da mesma boca, duas expressões do mesmo olhar. O que deseja o coração, o que quer a inteligência, é uma coisa só: luz e amor: a verdade que se vê e a verdade que se sente.

A inspiração e o pensamento são dois eternos combatentes que o Homem mandou à conquista do mundo: diferentes são as armas: mas no pendão de ambos está gravada esta mesma legenda: Verdade."



Especifica Antero que Verdade é a Beleza, muito para "além da Ideia [ciência] e para além de Deus". Vejo nela um veículo possível para a Verdade, não a Verdade em si, mas deixe-se cair "Beleza" (enquanto valor absoluto) e deixe-se ficar "Verdade", e temos palavras acertadas. Substitua-se "Verdade" por Deus e mais acertadas ficam?

segunda-feira, fevereiro 21, 2005

2º Domingo

Santo Efrém (c. 306-373), diácono na Síria, doutor da Igreja
Sermão sobre a Transfiguração

«Este é o meu filho muito amado, no qual pus todo o meu amor»


Ele conduziu-os ao cimo da montanha para lhes mostrar a glória da Sua divindade, e lhes dar a saber que Ele era o Redentor de Israel, como o havia mostrado pelos Seus profetas...
Eles tinham-nO visto comer e beber, cansar-se e descansar, adormecer e dormir, suportar o terror até às gotas de suor, tudo coisas que não pareciam nada em harmonia com a Sua natureza divina e só convir à sua humanidade. Eis a razão pela qual os conduziu à montanha, a fim de que o Pai Lhe chamasse Seu Filho e lhes mostrasse que Ele era mesmo Seu filho, e que era Deus.

Conduziu-os à montanha e mostrou-lhes a Sua realeza antes de sofrer, o Seu poder antes de morrer, a Sua glória antes de ser ultrajado e a Sua honra antes de sofrer a ignomínia. Assim, logo que fosse preso e crucificado, os Seus apóstolos compreenderiam que não o fora por fraqueza, mas por consentimento e de bom grado, pela salvação do mundo.

Conduziu-os à montanha e mostrou-lhes, antes da Sua ressurreição, a glória da Sua divindade. Assim, logo que ressuscitasse de entre os mortos na glória da Sua divindade, os Seus discípulos reconheceriam que não recebia essa glória em paga da Sua dor, como se disso precisasse, mas que ela Lhe pertencia desde antes dos séculos, com o Pai e junto do Pai, tal como Ele próprio diz quando a sua Paixão voluntária se aproxima: «Pai, glorifica-me com a glória que tinha junto de Ti, antes do princípio do mundo» (Jo 17,5).

sexta-feira, fevereiro 18, 2005

Finitude

O tempo não se compadece de nós, das nossas necessidades e sentimentos - tem, aliás, fama de mau, correndo quando o nosso coração está cheio e estendendo-se eternamente quando o momento nos custa.

Só mesmo o Homem para ver um inimigo no Tempo, na sua cadência certa e infalível que nos poderia sossegar, assegurando-nos que o mundo não sai do seu eixo, e que no meio do devir constante há algo que permanece - nem que seja a própria mudança. Deve ser porque sofremos cronicamente do sentimento de que o nosso tempo na terra é pouco - afinal, não me posso esquecer que a morte caminha sempre ao nosso lado, mesmo que distraídos crónicos como eu raramente tomem consciência de tal companhia.

Para muitos é a descoberta da escassez do (seu) tempo, o confronto com a sua própria finitude que os lança para o mundo com urgência e entusiasmo. (Antes, lançavam-se com uma urgência e entusiasmo bem mais leves, que não precisavam de tão pesado "fantasma" como ignição. - Antes eram crianças, descubro.)

Não gosto desse entusiasmo que nasce de um ultimato e se alimenta da angústia fina que se agarra à alma, aproveita-agora-que-amanhã-já-cá-não-estás. Não gosto de ultimatos e não gosto que me apressem.
De igual modo me irritam esses anti-heróis existenciais que gritam a ousadia de caminhar de braço dado com a morte e a coragem de viver com o desencanto e dele fazer forças. Para lá da capa de lucidez, é um heroísmo que nasce do medo e que dele se alimenta. Tenho medo de muitas coisas, até mais do que pode ser sensato, mas não quero fazer do medo uma vocação.

Sou "fã do Absoluto". Talvez por isso tendam a passar-me ao lado tais angústias: numa mistura de optimismo e ingenuidade, e alguma mania para achar "Poesia" em tudo e mais alguma coisa, não seria difícil acusar-me de não ver a realidade.
Por outro lado, o conceito de Fé esclarecida é-me tanto querido quanto difícil - a parte do "esclarecida" tem tendência a sobrepor-se e sou rápida a reclamar.

Somos nós assim, uma mistura de docilidade e teimosia que nos faz insurgir contra o nosso tempo mas receber com uma passividade às vezes quase criminosa o que ele nos dá, sem olhar com olhos de ver e mãos de fazer.
Somos nós assim, lutando por uma lucidez que nos faça sentir inteligentes e donos das nossas escolhas mas que fale do Absoluto.

Lua

Ricardo Reis

Para ser grande, sê inteiro: nada
Teu exagera ou exclui.
Sê todo em cada coisa. Põe quanto és
No mínimo que fazes.
Assim em cada lago a lua toda
Brilha, porque alta vive.

14-2-1933


a lembrar a Lua sobre o rio..
a lembrar as pessoas que não são "pessoinhas"..

domingo, fevereiro 13, 2005

1º Domingo

Santo Ambrósio (cerca de 340-397), bispo de Milão e doutor da Igreja
Comentário

Temos de recordar a forma como o primeiro Adão foi expulso do Paraíso para que a nossa atenção se fixe na forma como o segundo Adão (1 Co 15,45) regressa do deserto ao Paraíso.
Com efeito, vemos que a primeira condenação é desfeita da mesmo forma que tinha sido feita e que os benefícios divinos são restabelecidos sobre as marcas dos antigos.

Adão vem de uma terra virgem, Cristo vem da Virgem;
aquele foi criado à imagem de Deus, este é a Imagem de Deus (Col 1,15);
aquele foi colocado acima de todos os animais sem raciocínio, este acima de todos os seres vivos.

Por uma mulher veio a loucura, por uma virgem a sabedoria;
a morte veio de uma árvore, a vida veio pelo cruz.
Um deles, despido do vestuário espiritual, teceu uma veste com folhas de árvore; o outro, despido do vestuário deste mundo, nunca mais desejou uma veste material (Jo 19,23).

Adão foi expulso para o deserto, Cristo volta ao deserto, porque sabia onde encontrar o condenado que traria de novo ao Paraíso, liberto da sua falta...
Como é que, sem guia, poderia encontrar no deserto o caminho perdido, aquele que, por não ter guia, tinha perdido no Paraíso o caminho que seguia?
Ali, as tentações são muitas, o esforço em ordem à virtude é difícil e é fácil tropeçar no erro...

Sigamos então a Cristo, conforme está escrito:
"Caminharás após o Senhor teu Deus e ligar-te-ás a Ele" (Dt 13,4)...
Sigamos então os seus passos e poderemos regressar do deserto ao Paraíso.

A humildade, a sede e coisas esquecidas

A precipitação é sinónimo de chuva... e a chuva faz falta à terra ressequida
diz a Milene.
A minha alma é como terra ressequida sem água, pois assim como não se pode iluminar, assim também por virtude própria não se pode saciar
diz Santo Agostinho.

Tentar lembrar-me como é que isso se faz, saltar para as coisas sem questionar certezas e com um entusiasmo adolescente.

Precipitar-me para a água. Reconhecer-me terra.
(Eu isso até reconheço - é admitir a necessidade de ser "regada" por outrem que me deixa às voltas.)

Mentalizar-me que primeiro vem a Fé e só depois os porquês.
(Porquê, se a Fé nasce das perguntas?)

Ter fé na fé.
(Que fácil foi dizê-lo aos meus adolescentes da catequese com ares de grande professora!)


Ter fé na fé.

Banho pela manhã

esta notícia deu-me um calafrio

vai-se sempre aos mesmos lugares comuns..

o que eu espero da eleição do futuro Papa?
que seja feita segundo a vontade de Deus, à luz do Espírito
(para isso convém que reze mais do que entrar em "filosofias" ou "políticas")
graças a Deus, a Igreja não é democrática!

o que eu gostava de encontrar no futuro Papa?
um amor a Jesus e à Sua Esposa tão grande como o de João Paulo II, que se entrega totalmente nas mãos de Deus


e se eu fosse sacerdote?
eu, mulher, vejo-me tão feliz no lugar do Corpo de Cristo, no lugar da Esposa de Cristo que, ao contrário dos judeus, dou graças a Deus por Ele me ter feito assim, me ter colocado naquele lugar que me deixa contemplar Jesus, que me faz querer que Jesus "encarne" na minha vida, me tome para Si.

sábado, fevereiro 12, 2005

Hoje foi assim

foi estranho..
dou um giro pelo hiper em busca de artigos de papelaria
aproximo-me da caixa para pagar,
atrás de mim, um casal
"ai os homens, não se pode confiar neles"
enquanto desabafava, ia tirando as compras do carrinho
e o homem, de olhar brilhante e face rosada
"olha que a garrafeira não é para ficar ocupada com isto"
e toca nas garrafas que não são bebida
a mulher resmunga "isso é o que vamos ver"
....
olhei para o caixa
e naquele instante creio ter passado pelas nossas cabeças a mesma coisa
como é triste quando o amor acaba

desço as escadas rolantes
ela vinha um pouco à minha frente
ele um pouco atrás dela
ela a chorar
ele com um ar vazio de significado
mas será que ele não a abraça?
... e não abraçou.

por fim chego a casa
percebo que aquele vazio preocupante pela manhã
era ilusão

e entrego a Deus quem me faz feliz


Uma gota
Mafalda Veiga

Eu sinto os teus passos
Na escuridão
Pressinto o teu corpo
No ar, aqui
E vou como se o mundo todo fosse
Sugado pra dentro de ti
E não houvesse nada a fazer
Senão deixar-me ir

Pressinto os teus gestos
Quando não estás
Procuro os teus sonhos
Perdidos
E hoje mais que qualquer outra noite
Há qualquer coisa que me fere
E que me faz querer tanto ter-te aqui

Não importa
Se às vezes tudo é breve como um sopro
Não importa se for uma gota
De loucura
Que faça oscilar o teu mundo
E desfaça a fronteira
Entre a lua e o sol

Se um gesto cair assim
Despedaçado
Se eu não souber
Recolher a dor
Se te esperar a céu aberto
Onde se esconde
O que tu és que eu também sou
É que hoje mais que qualquer outra noite
Há qualquer coisa que me fere
E que me faz querer tanto ter-te aqui

Olhar

Voltei a descobrir nas coisas a beleza transcendente, olhar para o céu, uma árvore, um barco, e (saber) vê-los habitados de alma, de poesia. Reconciliei-me com os sentidos pela lente de uma máquina fotográfica. Andar de máquina em punho, ou vendo o que outros fotografam, põe a sensibilidade em alerta e abre os olhos para os pormenores e para a poesia que habita escondida (ou não tão escondida?) no quotidiano.

Não estou muito certa de que razão e coração acompanhem plenamente o reencontro, mas sabe bem este bocadinho de leveza renovado.

Não dou grande fotógrafa, mas sabe bem devolver aos meus olhos, à minha pele, a magia que a eles pertence, a capacidade de transfigurar o mundo, mesmo que o resultado seja pouco mais que “assim-assim”.

Talvez seja apenas mais uma mania passageira mas sabe bem, pronto.
Até porque o que pode faltar ainda à fotografia como solução para os meus amuos existenciais ,ou simplesmente como modo de expressão, não difere do problema do costume que me apoquenta a palavra escrita, a poesia – qualquer criação, na verdade: saber se há nas mãos a beleza que há no mundo, aquela que se pretende recriar, que quero tornar também um pouco minha.

( - afinal o que faz o artista? Procura chamar a si a beleza das coisas, ou dar-lhes a elas a beleza que há na sua sensibilidade pessoal?)



Interroguei o céu, o sol, as estrelas (...) Contemplá-las era a minha pergunta e a resposta delas era a sua beleza.

Santo Agostinho

Sonnet

IV

Si notre vie est moins qu'une journée
En l'éternel, si l'an qui fait le tour
Chasse nos jours sans espoir de retour,
Si périssable est toute chose née,
Que songes tu, mon âme emprisonnée ?
Pourquoi te plaît l'obscur de notre jour,
Si pour voler en un plus clair séjour,
Tu as au dos l'aile bien empennée ?
Là, est le bien que tout esprit désire,
Là, le repos où tout le monde aspire,
Là, est l'amour, là, le plaisir encore.
Là, ô mon âme, au plus haut ciel guidée,
Tu y pourras reconnaître l'Idée
De la beauté, qu'en ce monde j'adore.


L'olive Joachim du Bellay

Diário de ontem

banda sonora



Apontamentos breves

- a correcção da pontualidade é complicada

- responder a pequenas coisas demora às vezes tanto como responder a grandes

- os encontros entre amigos que não se vêm há muito avaliam-se pela espontaneidade do abraço
- os encontros entre amigos não se avaliam?

- a partir dos 12 anos deixa-se de ser menina
- um quarto de século é ainda pouco para avaliar a vida

- a intimidade é difícil em grupo
- um grupo é difilmente íntimo

- a impulsividade da resposta treina-se
- o impulso da resposta treina-se

- a precipitação é sinónimo de chuva.. e a chuva faz falta à terra seca!


Diário de bordo

Porque os mares antigos são a Distância Absoluta
O Puro Longe, liberto do peso do actual

Álvaro de Campos

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o Puro Longe não será ao mesmo tempo o Puro Perto?
o peso do actual será insuportável?
o que me distancia são esses mares antigos?

... o que eu queria era navegar por mares novos...

quarta-feira, fevereiro 02, 2005

Hoje foi assim (dia 1 fev)

com que então 12h..
- não recebeu a minha mensagem?

a pontualidade é a virtude das pessoas que morrem de tédio. e eu estava numa daquelas manhãs em que não se quer acordar

então que me conta?
- (silêncio e sorriso, ver o brilho no olhar)

já lhe passou o amok?
- é preciso manter um certo nível de amok, não acha?

run amok: to run around in a wild and uncontrolled way, often destroying things or killing people


que idade tem?
-
feitos quando
- 23 novembro
ah! ainda é escorpioa (brilho no olhar de escorpião)
- por pouco não
mas ainda tem ares, não?
- pois
como nos divertimos com isto..
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a questão da espera..


e a dada altura há um toque
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a pergunta

"sabes quando Jesus está com os apóstolos...
(estás em barcelona, não é?)
... sabes o significado daquele gesto com a mão, os dedos...
(estás a telefonar-me de barcelona, não é?)
... os 3 dedos ao alto e os outros dois, estás a ver?
(sim estou a ver)
... o que significa?"


a resposta terá sido dada antes?

Leitura da Epístola aos Hebreus

Irmãos:

Estando nós rodeados de tão grande número de testemunhas,
ponhamos de parte todo o fardo e pecado que nos cerca
e corramos com perseverança para o combate
que se apresenta diante de nós,
fixando os olhos em Jesus,
guia da nossa fé e autor da sua perfeição.
Renunciando à alegria que tinha ao seu alcance,
Ele suportou a cruz, desprezando a sua ignomínia,
e está sentado à direita do trono de Deus.

Pensai n’Aquele que suportou contra Si
tão grande hostilidade da parte dos pecadores,
para não vos deixardes abater pelo desânimo.
Vós ainda não resististes até ao sangue,
na luta contra o pecado.

Hebr 12, 1-4

31 foi assim

We have a map of the piano
Mum

Please don't flow so fast
You little mountain hum
I'll take a bottle down to you

Please don't flow this fast
You hold a little hum
I'll bottow sounds of me for you

Please don't flow so fast
You little mountain din
I'll bottow piano sounds from you

Please don't flow so fast
You little mountain noise
I'll close my eyes and bite your tongue


terça-feira, fevereiro 01, 2005

Sócrates

... e para crescer é preciso confiança.


em todos os sentidos, não é?

guardar..

... como ramo de flores