sábado, julho 15, 2006

Teatro Azul


Um sítio anónimo, nem mais bonito nem mais feio que outras coisas que conhecemos, à espera de um qualquer acontecimento que, de algum modo, possa articular sentidos, instituindo um ponto de partida para uma organização urbana mais excitante, apreensível e nomeável.
Ao 'variado' programa de um teatro somámos, redundantemente, vários e movimentados acidentes plásticos que constróem no conjunto uma volumetria desejável. Um revestimento em mosaico cerâmico vitrificado, azul claro, "embrulha" obsessivamente todo o edifício de modo a "apertar" e "domar" através da cor, brilho e textura, todos os dispersos e diferentes momentos que um organismo com esta complexidade gera e apresenta. A unidade assim encontrada originou a designação que surgiu, então, quase naturalmente: o Teatro Azul.


A caixa de palco é equipada com uma teia, em toda a sua extensão e é servida por quatro ordens de varadins periféricos; a zona de representação apresenta, numa área de dois terços, "quarteladas" de ligação ao sub-palco, sendo o restante terço preenchido com uma plataforma elevatória também articulável com esse espaço enterrado.

O volume azul, então, recebendo a forma da cidade de onde vem e dando forma à cidade que vem.


Manuel Graça Dias, Teatro azul

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