sábado, outubro 15, 2005

Nome de Guerra - Almada Negreiros

"Não! é indispensável evitar que a nossa união nada nos ensine para
amanhã. É preciso que nós dois reconheçamos, ela e eu, que o nosso amor vai a
ponto de darmos as mãos para nos despedirmos como amigos até à morte. Dois
verdadeiros amigos que se enganaram e começaram erradamente por serem amantes... "


mais à frente
Embaralhou-se tudo na cabeça e no coração. Não queria nada por
causa dela. Saber o que queria, mostrar que tinha força, ser homem, era tudo por
causa dele e nada por causa dela. Por conseguinte, a sua intimidade para com ela
era desumana: aprendia com ela a ser homem, a ter força, a saber o que queria,
para ir escolher outra mulher! ao passo que a Judite aprendia com ele a saber
estar com ele e não para ir depois melhor para a companhia de outro.


e ainda mais à frente
A Judite virou mais o corpo para ficar bem de frente para o
Antunes. Sem olhar para o maço de notas, fixou os olhos de perto nos de Antunes
e disse-lhe, como se estivesse escrito nos livros:

- Luís, tu não gostas de mim!

quase no fim
Mas a vista era o melhor do quarto. Daquela água-furtada seguia-se
o Tejo por aí acima, desde o mar até perder-se à esquerda. (...) Mas o
verdadeiro merecimento deste novo quarto para o Antunes consistia em que tudo o
que a ele tinha acontecido até esta água-furtada era para rasgar.


dizem-me "Deus fala, não é?" ... digo "às vezes grita!"
em fátima, rezar a paz!

1 comentário:

milene disse...

- milene, vê-se o céu?
vê-se o rio..
- pois.. mas vê-se o céu? ..acho que não..