sexta-feira, janeiro 06, 2006

qualquer coisa que escrevi ainda em 2005

Barco

Imundo, sentado no banco
ouvir os sons com brilho
encardido do tempo
joão é um homem velho
e sujo da vida.

Amo-te muito, meu querido
começava assim a folha amarela
que trazia segura nas mãos
religiosamente nas mãos
dobradas do uso.

João não tremia no ler
mas um brilho passava
do papel apressado
do papel não estragado
da amante amada.

no voltar a folha
ia perdendo o ar sério
gosto muito de ti, gosto
na lista interminável
de defeitos escondidos.

Apita o barco da entrada
joão dobra a folha amarela
dobra o gostar de alguém
mas sorri..
e só eu e ele sabemos porque o faz.

3 comentários:

Anónimo disse...

Conta conta conta!!!! va la... conta!!!! :)

E um poema bem bonito.
Obrigado

Beijinhos
M

Anónimo disse...

va la... please!!! :)

milene disse...

sabes que isto aconteceu mesmo? estava eu sentada ao lado de um senhor (a que chamei joão), no cais do sodré à espera do barco para cacilhas e eis que reparo na folha que ele segurava e que tinha realmente uma declaração de amor.
ele leu-a devagarinho, até ao fim. depois começou a apitar a sirene da porta a abrir, ele dobrou a folha e sorriu. e eu, que tinha cuscado a folha, sabia porque ele sorria.. mais ninguém :) um daqueles momentos especiais.