resumo:
- sem ser contigo mas contigo na mesma
- respirar fundo
- encontrar no miradouro
- subir 7 pisos
- proteger os outros e proteger-me
- tudo vai correr bem
- descer 7 pisos
- sondar cinema
- escolher outro filme (paris, je t'aime)
- conversa magnetic e a sensação de normalidade
- ouvir e calar
- querer calar cá dentro
- dar graças
- morder-me cá dentro
- continuar a tradição
- lembrar e não querer voltar
- contextualizar
- confrontar-me
- esperar
és um pouco "regiana"... e se não és, gostavas de o ser
Cântico negro
"Vem por aqui" — dizem-me alguns com os olhos doces
Estendendo-me os braços, e seguros
De que seria bom que eu os ouvisse
Quando me dizem: "vem por aqui!"
Eu olho-os com olhos lassos,
(Há, nos olhos meus, ironias e cansaços)
E cruzo os braços,
E nunca vou por ali...
A minha glória é esta:
Criar desumanidades!
Não acompanhar ninguém.
— Que eu vivo com o mesmo sem-vontade
Com que rasguei o ventre à minha mãe
Não, não vou por aí! Só vou por onde
Me levam meus próprios passos...
Se ao que busco saber nenhum de vós responde
Por que me repetis: "vem por aqui!"?
Prefiro escorregar nos becos lamacentos,
Redemoinhar aos ventos,
Como farrapos, arrastar os pés sangrentos,
A ir por aí...
Se vim ao mundo, foi
Só para desflorar florestas virgens,
E desenhar meus próprios pés na areia inexplorada!
O mais que faço não vale nada.
Como, pois, sereis vós
Que me dareis impulsos, ferramentas e coragem
Para eu derrubar os meus obstáculos?...
Corre, nas vossas veias, sangue velho dos avós,
E vós amais o que é fácil!
Eu amo o Longe e a Miragem,
Amo os abismos, as torrentes, os desertos...
Ide! Tendes estradas,
Tendes jardins, tendes canteiros,
Tendes pátria, tendes tectos,
E tendes regras, e tratados, e filósofos, e sábios...
Eu tenho a minha Loucura !
Levanto-a, como um facho, a arder na noite escura,
E sinto espuma, e sangue, e cânticos nos lábios...
Deus e o Diabo é que guiam, mais ninguém!
Todos tiveram pai, todos tiveram mãe;
Mas eu, que nunca principio nem acabo,
Nasci do amor que há entre Deus e o Diabo.
Ah, que ninguém me dê piedosas intenções,
Ninguém me peça definições!
Ninguém me diga: "vem por aqui"!
A minha vida é um vendaval que se soltou,
É uma onda que se alevantou,
É um átomo a mais que se animou...
Não sei por onde vou,
Não sei para onde vou
Sei que não vou por aí!
sábado, julho 21, 2007
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6 comentários:
já vi esse "Cantico" em vários lugares.
ele é tão forte... polivamente.
serve a quem está perdido. ou cheio de certezas.
é lindo.
Diz que é o hino oficial do Pinto da Costa :P
é realmente lindo!
a primeira vez que o ouvi, foi numa espécie de tertúlia católica, numa comunidade de recuperação de toxicodependentes... (a quem está perdido cheio de certeza de não estar?)
e esta semana tem sido bem presente nos meus dias:
- sei o que não quero profissionalmente (mas tenho uma ideia sem contornos totalmente definidos do que quero)
- sei quem não quero a meu lado (mas andei confusa na surpresa de um coração vivo)
... acaba por ser um exercício de confiança n'Ele: "o vento sopra onde quer" e gosto do sobressalto de correntes de ar e portas a fechar ou a abrir violentamente em casa ... não sei se faz sentido mas reservo-me esse direito.
*
Milene, já lhe disseram que é uma pessoa muito bonita e muito especial? E que é uma mulher lindíssima? E que escreve muito bem? Para mim, que gosto de a admirar em silêncio, a Milene é toda ela "cânticos negros" (régio) e "guerras civis" (torga)...
guerra civil mas não muito: não peço outra vida mas peço à Vida (que também é Caminho e Verdade) que não me esqueça do essencial.
milene-corada
Ó Manuel Lopes,
Calma, que a Milene tem muitos fans!
Eu até já pensei em formar um clube de fans...
E se o Manuel não se importar, eu gostaria de ser o presidente ;-) !!!
Seja bem-vindo!
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