segunda-feira, julho 19, 2004

de repente

.. a cirandar na blogosfera, eis que encontro um post que me chama a atenção

e não é que Chagall trouxe novo significado de espelho?

ainda não tinha percebido o "espelho" em Fátima (aos poucos, devagarinho)


Por desígnio divino, veio do Céu a esta terra, à procura dos pequeninos privilegiados do Pai, «uma Mulher revestida com o Sol» (Ap 12, 1). Fala-lhes com voz e coração de mãe: convida-os a oferecerem-se como vítimas de reparação, oferecendo-Se Ela para os conduzir, seguros, até Deus. Foi então que das suas mãos maternas saiu uma luz que os penetrou intimamente, sentindo-se imersos em Deus como quando uma pessoa - explicam eles - se contempla num espelho.


(naquele dia de calor)


e com o "espelho" em S. Paulo

Hoje vemos como por um espelho, de maneira confusa, mas então veremos face a face. Hoje conheço de maneira imperfeita. Então, conhecerei exactamente, como também sou conhecido.
Agora subsistem estas três: a fé, a esperança e a caridade; mas a maior delas é a caridade  1 Cor 13, 12-13



e, à mesma comunidade

E a todos nós, com a cara descoberta, com a cara reflectindo a glória do Senhor, como um espelho, somos transformados de glória em glória, nessa mesma imagem, sempre mais resplandescente, pela acção do Espírito do Senhor  2 Cor 3, 18



fico feliz porque o Céu ama a Terra.

.. e hoje é dia de Terra da Alegria.

não deixa de me surpreender

.. que seja preciso pedir o que devia estar à partida assumido nas nossas vidas





domingo, julho 18, 2004

noite de cinema

em casa

sic mulher - Camille Claudel, filme documentário sobre escultora francesa (1854-1943)


camille claudel, la valse


rtp2 - Nha Fala

(cenário quase de início - igreja, o padre não está, quem dirige o coro?)

Vamos votar
(e apareciam os diferentes candidatos, cada um a publicitar uma característica)

Governar? uma questão de
- autoridade
- competência
- sedução
- coração
- vontade
- tradição

Bastará ser bom marinheiro para ser bom capitão?
_______

(o ex namorado contrabandista)
Vita
Abre a porta!
eu não sou o pior dos homens!
 

sábado, julho 17, 2004

Gaudium et Spes

Cristo, o homem novo

22. Na realidade, o mistério do homem só no mistério do Verbo encarnado se esclarece verdadeiramente. Adão, o primeiro homem, era efectivamente figura do futuro, isto é, de Cristo Senhor. Cristo, novo Adão, na própria revelação do mistério do Pai e do seu amor, revela o homem a si mesmo e descobre-lhe a sua vocação sublime.





retomar a Tabacaria

Janelas do meu quarto,
Do meu quarto de um dos milhões do mundo que ninguém sabe quem é
(E se soubessem quem é, o que saberiam?),
Dais para o mistério de uma rua cruzada constantemente por gente,
Para uma rua inacessível a todos os pensamentos,
Real, impossivelmente real, certa, desconhecidamente certa,
Com o mistério das coisas por baixo das pedras e dos seres,
Com a morte a por umidade nas paredes e cabelos brancos nos homens,
Com o Destino a conduzir a carroça de tudo pela estrada de nada.

_______

benvindos à rua do mistério

ó fernando, estás a olhar pela janela?

que seja uma, muitas dividem a atenção
("a pedra não é a indicada para um sitio destes, o sal corroi-a"
aquela figura mordida de S. Pedro à entrada de uma igreja escura -a confusão que isso me faz
aquela curva e contracurva e curva e contracurva e.. "não enjoas?" não! cresci!
o problema dos carros, uma janela para múltiplos cenários à velocidade mais ou menos permitida)

fernando, esse auto desprezo magoado.. tem cuidado com o fígado, sim?

as janelas são problemáticas.
mas, se dividem a atenção, parece que vão ter à mesma rua, em diferentes perspectivas, com diferentes pontos de fuga

a rua do mistério é uma só e toda a gente passa por ela

mas achas essa rua inacessível ao pensamento?
se calhar falta abrires a porta..
se não o fizeres o real parece impossível
o certo ainda tão desconhecido

não tenhais medo...

o mistério está nas coisas, marca-as




CHAGALL, Marc. O violinista, 1912. In: BECKETT, Wendy.
História da Pintura. São Paulo, Ática, 1997. p. 345.

«Os traços de CHAGALL combinam suas fantasias às cores sensuais e às técnicas da arte avançada, mas o seu espírito não foge à eterna busca da felicidade esse “desejo que é comum aos seres humanos”(BECKETT).»


o mistério está nas coisas, marca-as

se apenas sustentasse as coisas, o mistério seria corrompido pela morte
se apenas fosse pisado por nós, isso do destino era fatal

mas (eu repito, insisto)
o mistério está nas coisas, marca-as

o mistério está também em quem passa pela rua
e a morte não corrompe quem o sabe
e o destino, também ele mistério, passa a ser vocação
com a vocação a fazer-nos andar, em unidade, até à plenitude


Non abbiate paura! Aprite, anzi, spalancate le porte a Cristo!


não tenhas medo..
abri, ou melhor, escancara a porta do teu coração


... ó fernando, vem para a rua!









segunda-feira, julho 12, 2004

férias - 1a parte

terça a sábado... apontamentos
Espera
Sophia Andresen

Dei-te a solidão do dia inteiro.
Na praia deserta, brincando com a areia,
No silêncio que apenas quebrava a maré cheia
A gritar o seu eterno insulto,
Longamente esperei que o teu vulto
Rompesse o nevoeiro.


Eu Espero
Adriana Calcanhotto

Entre nós
O desejo
Entre nós
Nosso tempo
Não vá me deixar
Sem seu beijo
Se tudo o que há
Não é muito mais
Do que o momento
Quanto mais
Eu te quero
Mais sei esperar
Eu espero


Domingo
nazaré, alcobaça, batalha
terminar em beleza


agora.. de regresso.. mas não muito!

terça-feira, julho 06, 2004

Exercício de Razão e Fé

Rito da Narração da Páscoa
Segundo Rito (com o segundo cálice)

Isso nos bastaria (Dayyénu)

Quantas coisas boas fez por nós o Senhor.
Se nos tirasse do Egipto e não os julgasse, isso nos bastaria.
Se os julgasse e não julgasse os seus deuses, isso nos bastaria.
Se julgasse os seus deuses e não matasse os seus primogénitos, isso nos bastaria.
Se matasse os seus primogénitos e não nos desse as suas riquezas, isso nos bastaria.
Se nos desse as suas riquezas e não dividisse o mar em nosso favor, isso nos bastaria.
Se dividisse o mar em nosso favor e não nos fizesse atravessar pelo meio, em terra enxuta, isso nos bastaria.
Se nos fizesse atravessar pelo meio, em terra enxuta e não submergisse no fundo das águas os que nos perseguiam, isso nos bastaria.
Se submergisse no fundo das águas os que nos perseguiam e não nos desse o necessário à nossa subsistência durante quarenta anos no deserto, isso nos bastaria.
Se nos desse o necessário à nossa subsistência durante quarenta anos no deserto e não nos fizesse comer o maná, isso nos bastaria.
Se nos fizesse comer o maná e não nos desse o sábado, isso nos bastaria.
Se nos desse o sábado e não nos fizesse chegar ao monte Sinai, isso nos bastaria.
Se nos fizesse chegar ao monte Sinai e não nos desse a Lei, isso nos bastaria.
Se nos desse a Lei e não nos reunisse na terra de Israel, isso nos bastaria.
Se nos reunisse na terra de Israel e não fizesse de nós casa da eleição, isso nos bastaria.

in Textos Eucológicos Hebraicos. Antologia Litúrgica, SNL 2004

Campos A. Tabacaria

Não sou nada.
Nunca serei nada.
Não posso querer ser nada.
À parte isso, tenho em mim todos os sonhos do mundo.


Janelas do meu quarto,


estas primeiras palavras de Campos, na sua tabacaria (defronte à loja de fumo) deixam-me num estado insuportável de "rasgo".
quando as li pela primeira vez, no 12º devorei-as, "que giro!" mas, numa altura de profunda lucidez (quase de profecia) chorei com elas.
acho q foi isso.. desisti com elas, ainda não tinha começado.

Campos era um doido.. ainda bem!
sempre me irritou a calmia do ricardo reis, a falta de impressão de carácter com que ele vivia ao de leve, para não estragar, não vale a pena a sua vida.
e o absurdo de alberto caeiro, não pensemos, não pensemos, não pensemos.. (não crer, não crer, não crer..) e acabar sempre por fazê-lo!
pessoa? um homem vulgar, farto de ser vulgar, divididamente farto de ser vulgar.. divide-se, quebra-se, rasga-se, busca a unidade na divisão. exercício intelectual pacificante (?)

mas campos? ah! um doido, uma má influência (não gosto dele fernandinho - diz a doce ofélia), o escape da loucura de querer a vida e esta escapar-lhe entre as mãos.

começa bem.
não sou nada, nunca serei nada,
não posso querer ser nada!


divisão.. se por um lado se percebe "um nada", por outro irrita-se: não pode querer continuar assim! (outra leitura seria achar que ele não podia querer ser qualquer coisa.. não vou por aí, não quero!)

e depois um tom irónicamente ácido, com um sorriso sarcástico de quem às vezes não se leva muito a sério
à parte isso (que não é assim tão tão importante) tenho em mim todos os sonhos do mundo.

arghhhh. passar do sonho à realidade! que drama álvaro, que drama pessoa! um notário ou contabilista ou qq profissão dessas burocráticas, de função pública e depois o desespero de voltar a casa e teres esses sonhos de genialidade a corroerem-te. vai homem!

janelas do meu quarto (espreita por elas, sem bucolismos, sem essa saudade do que poderias ser, vai.. sai de casa!)

bem.. q espanto!

acabei de ouvir

não podemos viver no mundo sem ter uma teoria sobre o mundo


o mundo só gira para a frente. seremos cidadãos


ah! é um bálsamo ver como é bom agarrar a vida à dentada

IHS!

desafio começa...

depois de uma discussão num blog do timshel , ficou-me um sabor amargo de tristeza..
nada melhor que começar o desafio que propus à minha colega bloguista

segunda-feira, julho 05, 2004

sábado, julho 03, 2004

Sophia de Mello Breyner Andresen.
Sophia