quarta-feira, dezembro 01, 2004

Esta canção hoje não me saiu da cabeça:

Mas hoje à noite se um fado qualquer
soar estafado na sala de estar
talvez se aguente sem nada dizer,
enchendo a boca durante o jantar.

Quinteto Tati - Um fado qualquer


Hoje acordei invadida pelo Fado, nostalgia que se pega aos ossos e não se deixa sacudir.
Então vagueei por Lisboa.
Procurei jardins, as ruas estreitas e chuva, e sorri aliviada por tornar a reconhecer nas folhas das árvores e nas pedras da calçada os meus bocados perdidos.
Achei num jardim um riacho e fiquei a ouvir o seu som constante e o fluir das águas, a lembrar-me de como a vida pode ser.
Entrei nas igrejas, escuras, graves e silenciosas, e dei graças por reencontrar, por momentos, o calor da Luz sem sombra.
Atravessei o rio para a minha Setúbal, peguei no papel e caneta, e descobri de repente que o que é familiar continua aqui.