terça-feira, novembro 02, 2004

Parentesis

Estou hoje vencido, como se soubesse a verdade.
Estou hoje lúcido, como se estivesse para morrer,
E não tivesse mais irmandade com as coisas
Senão uma despedida, tornando-se esta casa e este lado da rua
A fileira de carruagens de um comboio, e uma partida apitada
De dentro da minha cabeça,
E uma sacudidela dos meus nervos e um ranger de ossos na ida.

(Mas nem toda a lucidez é derrota - cessam os braços-de-ferro, simplesmente, não há vencedores nem vencidos.)

Ainda bem que nem todas a despedidas pesam como chumbo, e há comboios que sabe bem apanhar:
Baixam-se as armas
Sorri-se?
Parte-se.